Ontem, pela manhã, andando pelo jardim, vi um passarinho pequenininho,
se escondendo no meio das folhas do pé de jabuticaba. Como a jabuticabeira ainda está pequena, o bichinho corria o risco de ser devorado por outros animais, por isso, ele se escondia tanto.
Parecia manso, pois nossa presença não o incomodava muito.
Ao pegá-lo nas mãos, ele me bicava sem parar, pois é a única defesa dele para continuar vivo..
Pequenino, frágil, azulzinho, misturado com outras cores, meio brilhosas. Não se sabe há quanto
tempo o pobrezinho estava ali.
Ao soltá-lo, notei que não sabia voar para longe e nem voar alto. Daí deduzi que ele era um pas-
sarinho de gaiola. Por isso, não sabia usar da liberdade em que se encontrava!
Ele tinha, agora, o mundo inteiro, só dele, mas não sabia usar, porque fora aprisionado
até então. Acostumou-se com a prisão e queria voltar para a mesma!
Fiquei preocupada em dar-lhe comida, água, pois deveria estar faminto e sedento.
Mas não dispunha de nenhum lugar seguro onde pudesse deixá-lo, enquanto fosse procurar
comida para socorrê-lo!
Foi muito triste aquela cena. O soltamos por duas vezes , mas o coitadinho não sabia alçar
altos voos. Escondeu-se, novamente por entre as folhas de um pequeno coqueiro.
Só queria se esconder! Voou para debaixo de um coqueiro do vizinho da frente.
Deixei-o ficar ali, mas percebi que ele piava, certamente chamando pelo seu dono!
Ou pedindo água, comida, socorro...pois após tanto tempo de cativeiro, ele perdera
seus costumes e seu habitat !
Juntamos aos vizinhos e o colocamos numa caixa, onde fora levado
até à portaria para as devidas providências, ou até se encontrar o seu dono!
Queríamos ficar com ele até seu dono aparecer, mas temos gatos e cachorros,
além de não termos lugar adequado para oferecer-lhe.
É muito triste quando perde-se as origens, os costumes e ter que se conformar
com as migalhas, perder a própria liberdade, mudar toda a rotina da vida
e ter que se acostumar com o que seus algozes lhe oferecem!
Não sei ele encontrou seu verdadeiro dono! Tomara que sim!
Infelizmente, existe muita gente nessa mesma situação!