Tem certos dias em que eu penso em minha gente,
E sinto assim, todo o meu peito se apertar,
Porque parece, que acontece de repente,
Como um desejo de eu viver sem se notar.
Igual, a como, quando eu passo no subúrbio,
Eu muito bem, vindo de trem de algum lugar,
E aí me dá, como uma inveja dessa gente,
Que vai em frente, sem nem ter com quem contar.
São casas simples, com cadeiras nas calçadas,
E na fachada, escrito em cima que é um lar,
Pelas varandas, flores tristes e baldias,
Como alegria que não tem onde encostar.
Aí me dá uma tristeza no meu peito,
Feito em despeito, de eu não ter como lutar,
E eu que não creio, peço a Deus por minha gente,
É gente humilde, que vontade de chorar!
DE: Vinícius de Moraes e Chico Buarque de Hollanda
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