quarta-feira, 22 de outubro de 2014

GENTE HUMILDE


Tem certos dias em que eu penso em minha gente,
E sinto assim, todo o meu peito  se apertar, 
Porque parece, que acontece de repente, 
Como um desejo de eu viver sem se notar.

Igual, a como, quando eu passo no subúrbio,
Eu muito bem, vindo de trem de algum lugar, 
E aí me dá, como uma inveja dessa gente, 
Que vai em frente, sem nem ter com quem contar.

São casas simples, com cadeiras nas calçadas, 
E na fachada, escrito em cima que é um lar, 
Pelas varandas, flores tristes e baldias, 
Como alegria que não tem onde encostar.

Aí me dá uma tristeza no meu peito, 
Feito em despeito, de eu não ter como lutar, 
E eu que não creio, peço a Deus por minha gente, 
É gente humilde, que vontade de chorar!

DE: Vinícius de Moraes e Chico Buarque de Hollanda

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